Meu apartamento.
Localiza-se no centro da minha cidade de Curitiba.
Na ocasião que o comprei, foi como um sonho realizado.
Fiquei encantada e obcecada por ele. Tinha que ser meu! E é!
Até a pouco tempo esse espaço abrigava também meu consultório, onde eu atendia as pessoas que me procuravam na área da parapsicologia.
Lugar delicioso, solitário, silencioso, onde eu entro e quero ficar.
Fico sorvendo os benefícios da energia que ainda paira no ar.
Lembranças de meus clientes e amigos que ali abriram seu coração e depositaram em mim sua confiança, expectativas e esperança de que ali encontrariam o que buscavam fervorosamente, ardorosamente.
Durante muitos anos dediquei-me a isso e espero ter feito a diferença, senão para todos, da maioria, em suas vidas.
Meu refúgio. Meu porto seguro, ouso pensar assim.
Aqui no meu apartamento, sou só eu comigo mesma. Nada compartilho; não é necessário.
Casa do meu filho.
Longe, muito longe. Literalmente há um oceano entre nós.
Um outro país vê diariamente o sorriso do meu filho e de sua família.
Sua família é formada por sua esposa e um casal de filhos.
A menina veio primeiro. Ela é a minha perdição; amo-a tanto que chega a doer. Ela chegou neste planeta num dos momentos mais difíceis da minha vida. Trouxe minha vida de volta; me encheu de alegria e me deu novo ânimo para viver. Posso dizer que ela me salvou, sem medo de exagerar. O nosso amor já é muito antigo, já vem de outros tempos.
Meu filho em terra distante, acho que como tudo que está distante deixa um espaço vazio, esperando sempre que seja preenchido, esperando, mesmo que isso – essa espera – também seja um sonho distante.
Agradecida eu sou pelos anos afortunados que estivemos juntos.
Também já nos amamos em outros tempos, outras eras.
Sua esposa, minha nora; é nora, não é? Como tantas outras! Chega de mansinho e toma conta, completa e irremediavelmente.
Meu conforto, é ter consciência de que ela faz meu filho feliz e isso tem que me bastar; se ele é feliz, que se dane a distância; se ele é feliz, fico contente e aceito essa escolha que ele fez.
Grande surpresa foi a chegada do menino, agora com um ano e pouco mais de idade. Um anjo radioso, alegre, de bem com a vida.
Veio completar, preencher a família; aguardado desesperadamente pelos pais. Parece que ele não deixou por menos, e também estava desesperado para jogar-se naqueles braços.
Dia a dia ele vem superando todas as expectativas e enche a casa com seus risos, choros e resmungos. Está se esforçando para andar e falar.
Parece que quer chegar logo e apressadamente onde precisa ir. Parece que quer dizer tudo rapidamente, sofregamente. Parece – como diz a menina: “que mal posso esperar…” – para colocar minha marca nesse mundão de Deus.
A casa está em um bairro nobre, bem perto do centro da cidade onde eles moram. É grande, para os padrões daquele país.
São os padrões daquele país que o atraíram, que encantam seus sentidos e preenchem seus desejos e necessidades.
Lá não tem tanto verde como aqui. É mais restrito a parques e praças.
O ambiente em geral, inspira segurança e confiança, até.
Parece que as pessoas se interessam e se relacionam apenas com elas próprias. É uma observação, não é uma crítica.
Há um pequeno quintal nos fundos da casa, onde os pequenos liberam sua alegria e tranquilidade.
Na época do inverno é frio, muito frio.
Como gosto muito do frio, as poucas vezes em que vou lá, me dou muito bem.
Fria mesmo fica minh’alma quando os deixo lá. Aqueço-me nas lembranças que se eternizam dentro de mim. Sem falar na bendita saudade, é claro.
Ah! Se vocês se dessem conta de como é isso…
Bem, toda e qualquer experiência cada um vive e reage à sua maneira. O que dói para um, é regozijo para outro.
Vamos levando a vida e a vida vai nos levando.
Me folgo ao saber, que a terra que há abaixo dos meus pés e também, o céu que há acima da minha cabeça, é o mesmo em todo o lugar e é para todos.
Para ir finalizando, assim como, o deserto e o oásis, minha mente e minha imaginação, também é um dos meus lugares incríveis. Para ir lá, não preciso de nenhum meio de transporte, não há obstáculos, nem julgamentos que por ventura me desviem daquilo que almejo.
Em minha mente sinto-me verdadeiramente em casa.
Qualquer outro lugar não é meu; é só emprestado, é temporário; sou só visita e estou só de passagem.
Minha mente, é onde eu sempre quero estar!
E você, o que me diz?
Por Dalva Helvig Nikolak