A riqueza dos momentos podemos encontrar tanto no abraço de um amor que chega, como no abraço de um amor que se despede. (ver o Post “Chegada e Partida”)
Hoje somos mais lerdos, mais devagar, mais comedidos (será?), talvez porque agora o tempo, os momentos, podem ser apreendidos com maior plenitude, com mais detalhes, com menos pressa e assim, esse espaço de agora vai sendo preenchido de forma ainda mais abundante, com menos coisas e informações a serem registradas ao mesmo tempo. Será que assim o tempo dura mais?
Quantas vezes silenciei algum sonho; quantas vezes escondi meu pranto e quantas vezes mais eu guardei meu desespero só para mim.
Eu e você já vivemos dores que pareceram intermináveis e insuportáveis, porém sempre chegou o dia seguinte e com ele novas motivações, novas esperanças e novos desafios.
Minuto a minuto, hora após hora, ano após ano, para chegar até aqui.
Viver novamente alguma parte desta história, esquecer, ou melhor apagar, ou melhor ainda, não ter acontecido, é o poder, ou o super poder que qualquer um gostaria de ter; entretanto, gostaria que partes fossem perpetuadas e que eu não saísse daquele instante, nem para uma piscadela, para não perder nada absolutamente nada sequer.
Lançar um olhar diferente, agora à distância, é um grande bálsamo para minha alma, sempre agitada.
Pensar que na verdade, tudo foi, tudo é perfeito, tudo está no lugar que deveria estar, é também uma boa forma de pensar.
Aceitar com amor, com gratidão a vida que se tem, “se achar o máximo”, é mesmo demais!
Comecei este texto queixosa, meio desanimada até, mas veja, escrever realmente acalma, harmoniza, coloca os pensamentos em ordem.
Coloquei ordem e veja no que deu: uma reflexão, um reposicionamento, um caminho reto, o vislumbre de uma jornada cheia de surpresas e de muitos desafios, é o que me espera.
Cada um de nós é seu próprio pesadelo.
Pode ser um sonho, ou pode ser um pesadelo.
Nem sempre está ao nosso alcance essa escolha.
Por isso, é que ninguém quer morrer com antecedência e nem agora, quer sempre negociar, barganhar mais um minuto que seja, porque o minuto seguinte, o minuto futuro, pode trazer tudo aquilo que se esperou a vida inteira.
Pois que venham os novos desafios e as novas fronteiras para eu (para você) atravessar.
Ninguém nos ensina, nada nos prepara, mas temos que aprender na marra a viver, a conviver, com as saudades, com as ausências dos filhos, dos netos, do marido, da esposa, dos amigos (e por que não?), com as mudanças que ocorreram em cada um, algumas boas, outras nem tanto, enquanto o tempo ia passando, passando… e ia fazendo o seu trabalho de lapidar a jóia rara que cada um é.
Afinal, cada qual tem que escrever sua própria história e com sua própria caneta, da maneira que lhe for possível.
Pessoas novas foram chegando, enquanto algumas velhas foram saindo.
Daqui um pouco chega a nossa vez. A fila está andando, não pára.
Enquanto isso, fotos e vídeos vão se acumulando, registrando “bons momentos” que são compartilhados vorazmente.
Não faria sentido, registrarmos e compartilharmos quando estamos aflitos e enraivecidos por causa de algum problema, ou quando fomos surpreendidos pela introdução de um feroz espinho em nosso pé.
Lembranças de experiências que vivo vão sendo armazenadas nas prateleiras de minha alma.
Não esquecendo dos conselhos sobre comida saudável; pensamentos saudáveis; …
Além disso tudo, ainda dizem que temos de cuidar da boa forma física.
Isso que é desafio!! Não é?
Por Dalva Helvig Nikolak