… e o palestrante desencarnado, com sinceridade, falava, simples:
Examinando as causas da loucura (perda do juízo) entre individualidades, quer sejam encarnadas ou ausentes da carne, a ignorância quanto à conduta sexual é dos fatores mais decisivos.
A incompreensão humana dessa matéria equivale a silenciosa guerra de extermínio e de perturbação, que ultrapassa de muito, as devastações da peste referidas na história da Humanidade. Vocês sabem que só a epidemia de bubões, no século VI de nossa era, chamada “peste de Justiniano”, eliminou quase cinquenta milhões de pessoas na Ásia e na Europa. Esse número expressivo constitui bagatela, comparado com os milhões de almas que as angústias do sexo dilaceram todos os dias.
Agora que nos distanciamos das imposições da matéria, do corpo físico, diz o palestrante desencarnado, sem nos libertarmos contudo dos ascendentes fundamentais de suas leis, que ainda nos subordinam as manifestações, compreendemos que os enigmas do sexo não se reduzem a meros fatores fisiológicos. Não resultam meramente de estrutura celular, que caracterizam os órgãos genitais masculinos e femininos, que na verdade são idênticos substancialmente, diferenciando-se unicamente na maneira de nos expressarmos em relação a eles. Aí residem forças procriadoras dominantes, atendendo aos estatutos da natureza terrestre, reguladores da vida física; em contra partida, temos na inquietação sexual, a ocorrência de fenômeno peculiar à nossa mente, que nos leva a progredir para zonas superiores da evolução.
A despeito das novas conquistas do direito no mundo, em nome de princípios regeneradores, ainda hoje, no entanto, o cativeiro da ignorância no campo sexual, continua escravizando milhões de criaturas.
É inútil supor que a morte física ofereça solução pacífica aos espíritos em extremo desequilíbrio, que entregam o corpo aos desregramentos passionais. A loucura em que se debatem, não procede de simples modificações do cérebro, mas sim, brota da desassociação do corpo etéreo, o que exige longos períodos de reparação.
Para a maioria dos encarnados, a fase juvenil das forças fisiológicas representa delicado campo das sensações, em virtude das leis criadoras e conservadoras que regem a família humana. Na realidade, porém, a sede do sexo não se acha no corpo grosseiro, mas na alma, em sua sublime organização.
Na “Esfera da Crosta”, os homens e mulheres distinguem-se segundo sinais orgânicos específicos. Entre nós (desencarnados), prepondera ainda o jogo das recordações da existência terrena, em trânsito, como nos achamos, para as regiões mais altas; nestas sabemos, porém, que feminilidade e masculinidade constituem características das almas acentuadamente passivas ou francamente ativas.
Compreendemos, que na variação de nossas experiências adquirimos, gradativamente, qualidades divinas, como a energia e a ternura, a fortaleza e a humildade, o poder e a delicadeza, a inteligência e o sentimento, a iniciativa e a intuição, a sabedoria e o amor, até lograrmos o supremo equilíbrio em Deus.
Convictos desta realidade universal, não podemos esquecer que nenhuma exteriorização do instinto sexual na Terra, qualquer que seja a sua forma de expressão, será destruída, senão transmudada no estado de sublimação.
Por Dalva Helvig Nikolak
Fonte: livro No Mundo Maior, de Francisco Cândido Xavier, editora Federação Espírita Brasileira.
Continua no próximo Post – RELACIONAMENTOS sob o olhar da espiritualidade – Parte II